domingo, 25 de novembro de 2012

2001.. Não precisa completar

Esta obra praticamente revolucionou o gênero da ficção científica nos anos 60. Para os críticos de cinema, é um dos melhores filmes de todas as eras nesta categoria. Este empreendimento foi fruto da parceria entre o diretor norte-americano Stanley Kubrick e o legendário escritor Arthur C. Clarke, autor dos livros The Sentinel e 2001: A Space Odyssey (2001: Uma Odisséia no Espaço), esta elaborada ao mesmo tempo em que se filmava este clássico, inspirado nestas duas publicações.

2001 Uma Odisséia no Espaço - filmeEmbora a humanidade já tenha ultrapassado este marco temporal, sem que exatamente a realidade retratada nesta obra tenha se realizado completamente, a odisséia arquitetada por Kubrick e Clarke preserva sua atmosfera mágica e seu mistério mítico. Mesmo porque um de seus protagonistas, o genial computador conhecido como HAL 9000 (HAL é uma analogia à IBM – cada letra é imediatamente anterior a sua correspondente na sigla da multinacional dos computadores), retrata bem os avanços tecnológicos conquistados pelo Homem neste campo. Com certeza a inteligência artificial é hoje uma realidade concreta, e tende a alcançar limites antes inimagináveis.

Estas duas mentes brilhantes sem dúvida conceberam um clássico profético. Talvez por isso elas sejam consideradas tão inquietantes! O cineasta é muito respeitado por sua originalidade, o escritor é reconhecido até mesmo nos meios científicos, sem falar nos inúmeros fãs de sua obra. Resultado: o filme tornou-se um épico cultuado até nossos dias, e o livro já alcançou uma cifra de mais de 4 milhões de cópias vendidas em todo o Planeta.

2001 Uma Odisséia no Espaço - livroO livro foi criado por Clarke a pedido de Kubrick, para que pudesse assim orientar melhor a realização do filme. Desta escrita livre poderia surgir mais inspirado o roteiro. E foi assim que nasceu 2001: Uma odisséia no Espaço, que em sua versão cinematográfica apresenta um total de 139 minutos, dos quais somente 40 deles são preenchidos com diálogos.

Nesta mítica criação é possível acompanhar os primeiros passos do Homem na direção do progresso, desde a utilização de instrumentos rudimentares, até o avanço tecnológico e a consequente entrada na era espacial. A partir desse ponto a humanidade segue além, sem limites ou fronteiras.

É importante lembrar que esta obra foi gerada antes mesmo que Neil Armstrong se tornasse o primeiro homem a pisar na lua, marco fundamental na história da humanidade. No romance, a nave Discovery não se dirige a este satélite da Terra, mas sim a Iapetus ou Japetus, a lua mais misteriosa de Saturno. Através de um caminho que passa por Júpiter, a esfera saturniana é atingida.

A forma como a nave terráquea se aproxima do imenso planeta é posteriormente, em 1979, simulada pela sonda Voyager, para assim realizar a primeira investigação dos astros gigantescos. Na época em que foi filmado este épico, mal se podia conceber que fosse necessário tão pouco tempo para que esta manobra fosse realizada – era algo previsto para pelo menos um século depois.

Não se pode afirmar, porém, que autores de ficção científica tentem prever acontecimentos, eles apenas exploram possibilidades, a partir do patamar tecnológico já alcançado pela Humanidade. Esta, porém, vem avançando rápido demais, e não será tão surpreendente assim se, num futuro próximo, a inteligência humana e a artificial entrarem em sério confronto.

quinta-feira, 1 de novembro de 2012

O "Inusitado e Surpreendente" Cinema Indiano

Atualmente a indústria cinematográfica indiana é, surpreendentemente, a mais expressiva do Planeta no que se refere à comercialização de ingressos, que estão entre os menos dispendiosos, e ao volume de películas elaboradas. Um grande número de pessoas frequenta os cinemas no subcontinente indiano.

Os indianos foram apresentados à técnica cinematográfica no dia 7 de julho de 1896, através da exibição de algumas películas dos irmãos Lumiére, no Hotel Watson, na cidade de Bombain, hoje conhecida como Mumbai. Neste mesmo ano uma empresa da Índia, a Madras Photographic Store, assumiu a publicidade deste gênero artístico. As apresentações de cinema no território indiano tiveram início em 1897, com mostras de filmes organizadas pelo Clifton and Co.’s Meadows Street Photography Studio.

O primeiro filme documental realizado na Índia foi produzido por Harischandra Sakharam Bhatavdekar, mais conhecido como Save Dada, em 1897 – registrou um episódio de luta livre, organizado nos Hanging Gardens, em Bombaim. Ele também foi pioneiro na realização de filmes do gênero noticioso. Quanto às produções comerciais, algumas tentativas já foram promovidas neste período, com empreendimentos como os de F. B. Thanewala e J. F. Madan, que fundou a Madan Theatres Limited, maior estúdio produtor e negociante de filmes norte-americanos no cenário pós-Primeira Guerra Mundial. Foram instituídos locais de exibição das películas, enquanto os cinemas itinerantes também conquistavam seu espaço.

O primeiro filme indiano de longa-metragem foi Pundalik, de N. G. Chitre e Dadasaheb Torne, lançado em 1912. Dadasaheb Phalke torna-se um grande nome do cinema indiano com a produção Raja Harishchandra, permanecendo célebre até o nascimento do cinema falado, sempre na defesa da abordagem de assuntos especificamente indianos nas telas cinematográficas. Na década de 20 o volume de filmes produzidos na Índia já é significativo. Nos anos 30 emergem novos estúdios e uma safra mais recente de cineastas.

O primeiro filme sonoro surgiu já em 1931, Alam Ara, de Ardeshir Irani, alcançando grande sucesso. Outras produções surgem na esteira desta guinada no cinema indiano, apresentando muitas falas, músicas e danças. Nesta década o cinema reflete o clima de contestação social então vigente na Índia, enquanto crescem três importantes estúdios cinematográficos neste país: em Bombaim, mais voltado para o mercado nacional; em Madras e em Calcutá, célebres por suas criações regionais.

Do início dos anos 40 ao fim da década de 50 o cinema da Índia viveu seus momentos mais marcantes, impressos na memória histórica da cultura indiana. As produções normalmente apresentavam cenas eletrizantes de música e dança, utilizando o recurso que se tornaria tradicional neste país, o do playback, através do qual um cantor original cantava no estúdio, enquanto os participantes do filme apenas simulavam executar as canções. Nos anos 50 vários novos talentos emergiram, entre eles o cineasta bengali Satyajit Ray, que conquistou, em 1953, o prêmio de Melhor Documento Humano no Festival de Cannes, entre outras premiações, com a película Pather Panchali. Outros diretores foram também amplamente premiados, constituindo nesta época de ouro um movimento conhecido como o Novo Cinema Indiano.

Na década de 60 tanto o cinema mais conceitual quanto o popular abordaram principalmente a temática social, com filmes como Do Bheega Zamenn, e outros do gênero. Os anos 70 se inspiraram mais na cultura oriental, ao mesmo tempo em que o foco nas questões sociais perdeu espaço para a produção de massa, mais direcionada para o entretenimento. Geralmente estes filmes enfocavam o tradicional conflito entre o bem e o mal, mesclando esse ancestral dilema a boas doses de dramas melosos. Os enredos eram longos e mal cabiam no convencional modelo de 3 horas de duração. O filme mais famoso desta época foi Sholay, de Ramesh Sippy, que inaugurou a fase comercial do cinema indiano.

Na década de 80 o cinema de entretenimento conquistou um significado maior, uma tendência para o realismo, com o enredo mais voltado para os problemas enfrentados pela classe média. Uma nova onda de ídolos apareceu neste momento. Nos anos 90 o cinema se vê mais subordinado ao mercado publicitário. Cresce o número de musicais indianos e também dos filmes de ação. Novos cineastas iniciam uma transformação no seio do cinema indiano. Há uma maior preocupação com a maneira como as narrativas são elaboradas.

A indústria cinematográfica desenvolvida em Mumbai tornou-se célebre por ser naturalmente associada ao explosivo poder de Hollywood, sendo assim conhecida como Bollywood, mescla de Hollywood com Bombay. Ela está ligada estritamente ao cinema produzido no idioma hindi. Esta tendência tem sido alvo de várias críticas e denúncias, pois muitos acreditam que ela profana a tradicional cultura indiana e aborda temas polêmicos, em estilo liberal demais para certas convenções indianas. Algumas de suas idéias, porém, tem sofrido várias modificações, à medida que o próprio paladar cultural do povo indiano se transforma, tornando-se mais exigente.