segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

AZUL É A COR MAIS QUENTE

Os quadrinhos autobiográficos (pero no mucho) de Julie Maroh ganham uma adaptação delicada que explora o começo, meio e fim de um amor puro – e, sendo puro, talvez ele não tenha fim. É o acaso que une a estudante Emma (Léa Seydoux) e a adolescente Adèle (Adèle Exarchopoulos); é o sentimento forte e crescente que as faz descobrir, juntas, o que é uma vida a dois. Com três horas de projeção, o filme toma seu tempo em estabelecer o peso do sentimento que as une, a cisão que as separa e os fragmentos que ficam pelo caminho. Mas, acredite, três horas não é nada quando está em cena uma atriz tão espetacular como Adèle Exarchopoulos: o que ela constrói nesse tempo é uma vida plena.

terça-feira, 10 de dezembro de 2013

CAPITÃO PHILLIPS

Existe um momento, já no final de Capitão Phillips, em que o personagem de Tom Hanks parece ceder à toda a pressão da abordagem em alto mar do cargueiro que ele comandava. Primeiro quando seu navio foi tomado por piratas somali, que depois o levaram como refém por longos dias em uma baleeira. Por fim, o trágico resgate feito pelos fuzileiros americanos. Recebendo cuidados médicos, ele desaba, seu cérebro ainda não registra que seu tormento chegou ao fim. É o momento em que Hanks mostra porque é um grande ator, e é também o fim de uma jornada tensa conduzida com precisão por Greengrass (A Supermacia Bourne, O Ultimato Bourne). Bombardeado por acusações estúpidas, o filme humaniza todos os lados (o que o verdadeiro capitão Phillips pode discordar) e não oferece respostas. O difícil, quando a barbárie sobrepuja a humanidade, é formular as perguntas.