quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

Felline - Impossível não lembrar do Poeta

Fellini, o poeta maior do cinema italiano, nasceu no dia 20 de janeiro de 1920, na cidade de Rimini, no litoral da Itália. Ele iniciou sua carreira como jornalista, em Florença, atuando em uma revista conhecida por seu teor cômico, Marc Aurélio. Nesta publicação ele teve a oportunidade de expressar sua veia caricaturista e seu estilo como desenhista.

Posteriormente, passou a produzir roteiros e piadas para humoristas. No cinema ele seguiu os passos de Rossellini, a quem ele reverenciava e ao lado do qual ele colaborou em diversos trabalhos conjuntos, como Roma, Cidade Aberta e Paisá, aprendendo assim a manipular os recursos técnicos necessários para a criação cinematográfica.

A primeira etapa de sua filmografia está impregnada de características do movimento neo-realista, retratando desta forma as agruras de protagonistas das camadas populares, com os quais ele se identifica. Seus dons fantasiosos, porém, foram aos poucos transcendendo sua visão realista. Pode-se perceber esta guinada estética em Oito e Meio, obra na qual se encontram facilmente os traços oníricos, a natureza imaginativa do diretor e as características caricatas que marcarão essencialmente sua trajetória como cineasta.

Fellini, como Godard, também não valorizava os roteiros, embora se valesse deste recurso, criando-os contra a vontade, pois acreditava que as imagens deveriam ser transferidas automaticamente de sua mente criadora para as telas dos cinemas. Ele dava importância crescente à inventividade, ao trabalho com pessoas comuns, transformadas de improviso em atores, mas sabia lançar mão de grandes profissionais, como o ator Marcello Mastroianni, a atriz Giulietta Masina, seu criador de trilhas sonoras preferido, Nino Rotta, e o roteirista Tonino Guerra.

O diretor foi celebrizado por seu poder de gerar imagens poéticas, que logo se transformaram em patrimônio para a posteridade, adquirindo um caráter eterno e clássico, imediatamente associado a este genial cineasta. Mesmo nos seus filmes mais críticos e de natureza política, como Amarcord e Ensaio de Orquestra, está presente a poesia. Mesmo porque Fellini não se considera um político, evitando assim assumir posturas ideológicas, apesar das expectativas nutridas por quem testemunha esta sua abordagem de temas extraídos da Política.

Suas obras dos anos 60 e 70 estão essencialmente imbuídas de características barrocas e populares. Desta forma o diretor recria nas telas as angústias de homens efêmeros e sem identidade marcante, que não se destacam no dia-a-dia. Suas opções estilísticas pelo excesso e pelo desconhecido são os instrumentos ideais para retratar criaturas que se imortalizaram em filmes como Os Boas Vidas, Julieta dos Espíritos, A Doce Vida e La Nave Va.

Fellini foi amplamente premiado por sua produção, dentro e fora da Itália. A coroação de sua carreira consagrada foi o recebimento, em 1993, do Oscar honorário, pelo conjunto de sua atuação cinematográfica. Neste mesmo ano, em 31 de outubro, o mundo perde a genialidade de Fellini, que falece em Roma. Sua obra, porém, permanece eterna e universal.