terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Cosmópolis - Uma bela adaptação

Eric Michael Packer, um homem de negócios que com somente 28 anos já conquistou um império financeiro tecendo operações financeiras que têm como objetivo obter lucros sobre valores sujeitos às flutuações do mercado mundial, é considerado o garoto dourado das finanças norte-americanas.

Nova Iorque, a cidade em que vive, abriga Manhattan, povoado no qual pulsa o coração da economia dos EUA, Wall Street. Mas justamente aí tudo indica que o sistema capitalista está ruindo; as bolsas de valores estão oscilando perigosamente, revoltas contra a globalização invadem a Times Square e a intensa circulação de veículos se agrava com a chegada do Presidente a esta metrópole.

Neste dia tumultuado do ano 2000 Eric desperta, olha a paisagem do alto de seu triplex no edifício mais elevado do Planeta, e toma uma resolução que promete mudar sua vida. Contra todas as expectativas ele resolve cortar o cabelo. Sai em sua limusine só na companhia de seu motorista e dos seguranças.

O protagonista passa o dia todo no carro para atravessar somente dez quarteirões de Manhattan; seu veículo tem praticamente tudo de que ele necessita: bebidas, toalete, aparelhos ligados à internet e câmaras de vídeo. Contando com esses recursos o magnata pratica especulação contra a moeda do Japão, mas esta insiste em se valorizar.

Ao longo desta jornada decadente se depara muitas vezes, casualmente, com Elise, a quem ele se unira em matrimônio alguns dias antes. A jovem é igualmente multimilionária. O relacionamento se desintegra cada vez que ambos se encontram, já que a jovem se dá conta da crescente infidelidade do marido.

Eric percebe pouco a pouco quanto sua vida é desprovida de sentido, enquanto sua existência e a riqueza acumulada vão desmoronando; toda aposta do antes bem-sucedido especulador resulta no mais completo fracasso. Sua fortuna e a de Elise, que ele não hesita em arriscar, são arrebatadas, junto com toda a instituição financeira do Planeta.

O protagonista não encontra meios para deter o avanço da crise, e torna-se um mero espectador diante do desenrolar dos fatos e da ruína de seu reinado. É desta forma que ele vivencia o dia mais transformador de sua trajetória existencial. Além de tudo, tem certeza de que está a um passo de ser assassinado.

A narrativa brilhante de DeLillo indica mais do que a carência de significado de uma vida em particular; ela revela o quanto os alicerces que apóiam o universo contemporâneo podem ser fatalmente frágeis. Seu texto contundente provoca desconforto e impregna cada evento de um sentido especial.

A história foi recentemente adaptada para os cinemas em uma produção franco-canadense dirigida pelo cineasta David Cronenberg. O filme Cosmópolis, protagonizado por Robert Pattinson e Juliette Binoche, estreou no final de 2012 nas telas brasileiras.

Don DeLillo nasceu em Nova Iorque no ano de 1936. Ele é considerado um dos autores mais importantes da literatura norte-americana atual. O escritor conquistou várias premiações, entre elas o National Book Award (1985), o PEN/Faulkner (1992), o Jerusalem Prize (1999) e a medalha Howells da Academia Americana de Artes e Letras (2000).

segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Akira

Desde a primeira seqüência até o segundo final, o espectador fica literalmente fascinado pelo encadeamento frenético de imagens em Akira. Como se misteriosa droga alucinasse não só seus personagens, mas cada cinéfilo transposto para o núcleo da ação. Tudo começa em mais uma das violentas noites da Neo-Tóquio de 2019, trinta anos após o término da Terceira Guerra Mundial.

O cenário, terrivelmente sombrio, evoca uma era pós-apocalíptica. O medo, o fanatismo, o caos, a corrupção política, o terrorismo, estão sempre presentes. Gangues de motoqueiros combatem em becos escuros. Esta cidade dominada pela ambição, ganância e jogos de poder, parece caminhar, inexoravelmente, para novo e predestinado abismo. O pesadelo está prestes a começar.

Em típica atmosfera shakesperiana, a luta pelo poder absoluto, supremo, caminha lado a lado com a disseminação de poderes extra-sensoriais. Os psíquicos encontram-se sob estudo e controle do Estado e da Ciência, que definitivamente não detêm o mesmo objetivo. Os paranormais são detectados logo cedo, seqüestrados, catalogados como projetos experimentais, numerados e mantidos sob observação. Os principais são a sensitiva e profetisa Kiyoko, o psicocinesista Takashi e Masaru, que possui a terceira visão.

Todos os personagens criados por Katsuhiro Otomo – autor e diretor da história – são detalhadamente elaborados e desenvolvidos. Não existem heróis e vilões, ou caracteres centrais. Kaneda e Tetsuo são membros de uma violenta gangue e estudantes da Escola Técnica. O primeiro, tímido e complexado; o outro, líder do grupo e egocêntrico. Key, exceção aos tipos femininos criados por Otomo, é corajosa e sensível terrorista. O Coronel Shikishima, membro da Defesa Aérea, é um dos únicos a conhecer o terrível segredo de Akira. Cada um deles é peça-chave desta história carregada de símbolos de destruição-reconstrução do Universo.

Akira é um projeto coletivo, fruto da colaboração entre a arte e a mais sofisticada tecnologia. Alia profundo humanismo à pesquisa de recursos tecnológicos inovadores. Seu trabalho de animação imbui-se tanto do esforço artesanal de Otomo na elaboração do ‘storyboard’, quanto das mais complexas e recentes técnicas de computação e de fotografia das células desenhadas. Mizutani, o diretor de arte, tem liberdade total para o uso de cores não convencionais, trabalhando muito com o verde e o vermelho.

Aliás, o número de cores usadas ao longo do filme é impressionante – 327! Em alguns momentos é fácil esquecer que se trata de animação, tamanho o senso de realidade que nos transmitem a cidade e seus habitantes – extremamente animados de vida! Paralelamente à estética visual, contribuem – para criar desde os momentos de harmonia até os do mais apocalíptico pesadelo – a indescritível trilha de efeitos sonoros e a música do Geinoh Yamashirogumi.

Não se sabe, ao longo do filme, qual a verdadeira intenção de Otomo ao criar o universo de Akira. Mostrar um mundo futuro e fictício, porém possível, ou o presente, já impregnado de germens da destruição, o qual caminha, inconsciente, movido por cega ambição, para uma nova era de trevas. Mas, segundo Otomo, os seres ainda podem deter a corrente do tempo e escolher entre vários destinos.

domingo, 25 de novembro de 2012

2001.. Não precisa completar

Esta obra praticamente revolucionou o gênero da ficção científica nos anos 60. Para os críticos de cinema, é um dos melhores filmes de todas as eras nesta categoria. Este empreendimento foi fruto da parceria entre o diretor norte-americano Stanley Kubrick e o legendário escritor Arthur C. Clarke, autor dos livros The Sentinel e 2001: A Space Odyssey (2001: Uma Odisséia no Espaço), esta elaborada ao mesmo tempo em que se filmava este clássico, inspirado nestas duas publicações.

2001 Uma Odisséia no Espaço - filmeEmbora a humanidade já tenha ultrapassado este marco temporal, sem que exatamente a realidade retratada nesta obra tenha se realizado completamente, a odisséia arquitetada por Kubrick e Clarke preserva sua atmosfera mágica e seu mistério mítico. Mesmo porque um de seus protagonistas, o genial computador conhecido como HAL 9000 (HAL é uma analogia à IBM – cada letra é imediatamente anterior a sua correspondente na sigla da multinacional dos computadores), retrata bem os avanços tecnológicos conquistados pelo Homem neste campo. Com certeza a inteligência artificial é hoje uma realidade concreta, e tende a alcançar limites antes inimagináveis.

Estas duas mentes brilhantes sem dúvida conceberam um clássico profético. Talvez por isso elas sejam consideradas tão inquietantes! O cineasta é muito respeitado por sua originalidade, o escritor é reconhecido até mesmo nos meios científicos, sem falar nos inúmeros fãs de sua obra. Resultado: o filme tornou-se um épico cultuado até nossos dias, e o livro já alcançou uma cifra de mais de 4 milhões de cópias vendidas em todo o Planeta.

2001 Uma Odisséia no Espaço - livroO livro foi criado por Clarke a pedido de Kubrick, para que pudesse assim orientar melhor a realização do filme. Desta escrita livre poderia surgir mais inspirado o roteiro. E foi assim que nasceu 2001: Uma odisséia no Espaço, que em sua versão cinematográfica apresenta um total de 139 minutos, dos quais somente 40 deles são preenchidos com diálogos.

Nesta mítica criação é possível acompanhar os primeiros passos do Homem na direção do progresso, desde a utilização de instrumentos rudimentares, até o avanço tecnológico e a consequente entrada na era espacial. A partir desse ponto a humanidade segue além, sem limites ou fronteiras.

É importante lembrar que esta obra foi gerada antes mesmo que Neil Armstrong se tornasse o primeiro homem a pisar na lua, marco fundamental na história da humanidade. No romance, a nave Discovery não se dirige a este satélite da Terra, mas sim a Iapetus ou Japetus, a lua mais misteriosa de Saturno. Através de um caminho que passa por Júpiter, a esfera saturniana é atingida.

A forma como a nave terráquea se aproxima do imenso planeta é posteriormente, em 1979, simulada pela sonda Voyager, para assim realizar a primeira investigação dos astros gigantescos. Na época em que foi filmado este épico, mal se podia conceber que fosse necessário tão pouco tempo para que esta manobra fosse realizada – era algo previsto para pelo menos um século depois.

Não se pode afirmar, porém, que autores de ficção científica tentem prever acontecimentos, eles apenas exploram possibilidades, a partir do patamar tecnológico já alcançado pela Humanidade. Esta, porém, vem avançando rápido demais, e não será tão surpreendente assim se, num futuro próximo, a inteligência humana e a artificial entrarem em sério confronto.

quinta-feira, 1 de novembro de 2012

O "Inusitado e Surpreendente" Cinema Indiano

Atualmente a indústria cinematográfica indiana é, surpreendentemente, a mais expressiva do Planeta no que se refere à comercialização de ingressos, que estão entre os menos dispendiosos, e ao volume de películas elaboradas. Um grande número de pessoas frequenta os cinemas no subcontinente indiano.

Os indianos foram apresentados à técnica cinematográfica no dia 7 de julho de 1896, através da exibição de algumas películas dos irmãos Lumiére, no Hotel Watson, na cidade de Bombain, hoje conhecida como Mumbai. Neste mesmo ano uma empresa da Índia, a Madras Photographic Store, assumiu a publicidade deste gênero artístico. As apresentações de cinema no território indiano tiveram início em 1897, com mostras de filmes organizadas pelo Clifton and Co.’s Meadows Street Photography Studio.

O primeiro filme documental realizado na Índia foi produzido por Harischandra Sakharam Bhatavdekar, mais conhecido como Save Dada, em 1897 – registrou um episódio de luta livre, organizado nos Hanging Gardens, em Bombaim. Ele também foi pioneiro na realização de filmes do gênero noticioso. Quanto às produções comerciais, algumas tentativas já foram promovidas neste período, com empreendimentos como os de F. B. Thanewala e J. F. Madan, que fundou a Madan Theatres Limited, maior estúdio produtor e negociante de filmes norte-americanos no cenário pós-Primeira Guerra Mundial. Foram instituídos locais de exibição das películas, enquanto os cinemas itinerantes também conquistavam seu espaço.

O primeiro filme indiano de longa-metragem foi Pundalik, de N. G. Chitre e Dadasaheb Torne, lançado em 1912. Dadasaheb Phalke torna-se um grande nome do cinema indiano com a produção Raja Harishchandra, permanecendo célebre até o nascimento do cinema falado, sempre na defesa da abordagem de assuntos especificamente indianos nas telas cinematográficas. Na década de 20 o volume de filmes produzidos na Índia já é significativo. Nos anos 30 emergem novos estúdios e uma safra mais recente de cineastas.

O primeiro filme sonoro surgiu já em 1931, Alam Ara, de Ardeshir Irani, alcançando grande sucesso. Outras produções surgem na esteira desta guinada no cinema indiano, apresentando muitas falas, músicas e danças. Nesta década o cinema reflete o clima de contestação social então vigente na Índia, enquanto crescem três importantes estúdios cinematográficos neste país: em Bombaim, mais voltado para o mercado nacional; em Madras e em Calcutá, célebres por suas criações regionais.

Do início dos anos 40 ao fim da década de 50 o cinema da Índia viveu seus momentos mais marcantes, impressos na memória histórica da cultura indiana. As produções normalmente apresentavam cenas eletrizantes de música e dança, utilizando o recurso que se tornaria tradicional neste país, o do playback, através do qual um cantor original cantava no estúdio, enquanto os participantes do filme apenas simulavam executar as canções. Nos anos 50 vários novos talentos emergiram, entre eles o cineasta bengali Satyajit Ray, que conquistou, em 1953, o prêmio de Melhor Documento Humano no Festival de Cannes, entre outras premiações, com a película Pather Panchali. Outros diretores foram também amplamente premiados, constituindo nesta época de ouro um movimento conhecido como o Novo Cinema Indiano.

Na década de 60 tanto o cinema mais conceitual quanto o popular abordaram principalmente a temática social, com filmes como Do Bheega Zamenn, e outros do gênero. Os anos 70 se inspiraram mais na cultura oriental, ao mesmo tempo em que o foco nas questões sociais perdeu espaço para a produção de massa, mais direcionada para o entretenimento. Geralmente estes filmes enfocavam o tradicional conflito entre o bem e o mal, mesclando esse ancestral dilema a boas doses de dramas melosos. Os enredos eram longos e mal cabiam no convencional modelo de 3 horas de duração. O filme mais famoso desta época foi Sholay, de Ramesh Sippy, que inaugurou a fase comercial do cinema indiano.

Na década de 80 o cinema de entretenimento conquistou um significado maior, uma tendência para o realismo, com o enredo mais voltado para os problemas enfrentados pela classe média. Uma nova onda de ídolos apareceu neste momento. Nos anos 90 o cinema se vê mais subordinado ao mercado publicitário. Cresce o número de musicais indianos e também dos filmes de ação. Novos cineastas iniciam uma transformação no seio do cinema indiano. Há uma maior preocupação com a maneira como as narrativas são elaboradas.

A indústria cinematográfica desenvolvida em Mumbai tornou-se célebre por ser naturalmente associada ao explosivo poder de Hollywood, sendo assim conhecida como Bollywood, mescla de Hollywood com Bombay. Ela está ligada estritamente ao cinema produzido no idioma hindi. Esta tendência tem sido alvo de várias críticas e denúncias, pois muitos acreditam que ela profana a tradicional cultura indiana e aborda temas polêmicos, em estilo liberal demais para certas convenções indianas. Algumas de suas idéias, porém, tem sofrido várias modificações, à medida que o próprio paladar cultural do povo indiano se transforma, tornando-se mais exigente.

domingo, 7 de outubro de 2012

A Vida É Bela

– Buongiorno principessa! Nesta comovente e apaixonante história, Roberto Benigni consegue aliar encanto e beleza em um dos momentos mais cruéis da humanidade: a Segunda Guerra Mundial.

Após chegar à cidade de Toscânia, na Itália, Guido (Roberto Benigni) passa a viver situações embaraçosas as quais consegue sair ileso quase sempre em todas elas, até ao momento em que vê cair do alto o amor de sua vida, Dora (Nicoletta Braschi). A cada encontro inesperado, Guido procura de todas as maneiras conquistar o coração de sua principessa Dora, já comprometido com outro homem. Mas com muita alegria e perseverança, Guido conquista sua principessa e com ela tem um filho: Giosué. E juntos eles seriam felizes para sempre… até que… tudo muda!

Filho de judeus, Guido é mandado para o campo de concentração nazista, juntamente com seu pai e filho. Dora ao saber da notícia, mesmo não sendo judia, pede aos generais que também a conduza ao campo de concentração. A partir de então Guido usa a imaginação e a criatividade como armas para fazer seu filho acreditar que tudo não passa de uma grande brincadeira e que a cada tarefa realizada, mais pontos eles ganharão para conquistar o tão desejado prêmio: um tanque de verdade! Giosué custa a acreditar, mas aos poucos começa a cair na brincadeira e a participar efetivamente.

Enquanto isso, na ala das mulheres, Dora sente o coração oprimido pela realidade da guerra. Seu coração de mãe e esposa parece ver minguar as esperanças de reencontrar sua família.

Mas Guido não desiste, e assim como conquistou o coração de Dora, tenta agora conquistar a liberdade de sua família, em especial, a de seu filho. A cada ponto somado, Giosué obedece as orientações de seu pai, que corre contra o tempo para salvar seus familiares.

Com a guerra chegando ao seu término, a tensão aumenta e ainda que com pouca chance de saírem vivos, Guido se esforça e não deixa de lado, em nenhum momento, seus principais aliados: a imaginação e a alegria.

Lançado em 1998, A vida é bela ganhou diversos prêmios, entre eles 3 Oscar: melhor filme estrangeiro (o filme brasileiro Central do Brasil também concorreu nesta categoria); melhor ator (Roberto Benigni) e melhor trilha sonora drama, cuja autoria é de Nicola Piovani.

A trilha sonora de A vida é bela é de uma sensibilidade artística e musical incomparáveis. Poucos são os artistas que conseguem atingir tal grau de sensibilidade. A trilha sonora encaixa-se perfeitamente ao roteiro e ao desenrolar do filme, e parece até certo ponto substituir as falas dos personagens, algo muito difícil de ver na maioria dos filmes.

Roberto Benigni nos surpreende tanto quanto diretor quanto ator, sua atuação é magistral. Além de emocionar o público nos momentos dramáticos, Benigni tem a habilidade de emocioná-los nas situações cômicas.

Em um mundo em que muitos lutam para conquistar territórios, este filme é uma prova de que a esperança, o amor, a família, a alegria e a imaginação são capazes de superar todas as dificuldades e conquistar tudo o que sonhamos – eis porque a vida é bela!

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Um Pouco de Cinema Paradiso

Nesta trama pungente e singela, o italiano Giuseppe Tornatore realiza uma das mais belas declarações de amor ao cinema. O protagonista desta história, já imortalizada na história deste gênero artístico-cultural, é de certa forma um alterego do cineasta, que se identifica profundamente com seu personagem Salvatore di Vita, renomado diretor de cinema que reside em Roma, quando é então surpreendido com a notícia da morte de Alfredo.

Imediatamente o artista se recorda de seu amigo, responsável pelo Cinema Paradiso, refúgio do garoto então conhecido como Totó. Para lá ele escapava sempre que era possível, e neste templo da criação ele foi iniciado pelo projecionista Alfredo, em meados da década de 40, na paixão e nas técnicas da arte cinematográfica.

Mas não é apenas Totó que é introduzido neste universo fascinante. É fácil para qualquer amante do cinema se identificar com as cenas que Tornatore seleciona em seu filme, tesouros que povoam as telas do Cinema Paradiso e encantam, seduzem, embriagam não só o menino fascinado com as imagens que se sucedem, mas também o público, que também tem ou está formando sua própria memória cinematográfica.

É com extrema habilidade e apurada emotividade que o diretor retrata a passagem do menino da infância triste, povoada pela morte do pai na guerra, para o universo adulto, através do cinema. É de forma poética que ocorre este amadurecimento do protagonista, que tem sua sensibilidade e seu olhar educados pelas imagens.

Depois que o jovem sofre uma profunda desilusão amorosa em seu relacionamento com Elena, filha do banqueiro de sua cidade, Salvatore se muda para Roma. Somente após a morte de Alfredo, trinta anos depois, ele retorna para sua inesquecível terra natal, Giancaldo.

Antes de voltar para sua cidadezinha, o cineasta relembra sua infância, quando ainda era o coroinha da igreja do Padre Adelfio e visitava secretamente o Cinema Paradiso. Seu aprendizado é tão eficaz que ele chega a elaborar suas próprias cenas com uma filmadora rudimentar, antes que o cinema seja incendiado e reerguido por um dos habitantes da cidade, recém-enriquecido; Salvatore se torna então o mais novo projecionista de seu recanto.

O tom melancólico desta produção é acentuado pela escolha de Ennio Morricone para compor a trilha sonora do filme, lançado em 1988. Além do mais, a preciosa cenografia e a sublime direção de arte conferem a esta obra, concebida e dirigida por Tornatore, uma aura inesquecível.

Tornatore capricha também no elenco. Ninguém nunca esquecerá esta dupla, o carismático Philippe Noiret como o mestre Alfredo, ao lado de seu aprendiz, o pequeno Totó, que conquista seu irresistível magnetismo da interpretação atraente de Salvatore Cascio, entre outros intérpretes encantadores que povoam esta poesia imagética.

domingo, 26 de agosto de 2012

Alfred Hitchcock, o mestre do suspense

Com um legado de mais de 60 filmes, o diretor marcou a história do cinema; Psicose, Os Pássaros e Janela Indiscreta estão entre seus maiores clássicos

Exatamente no dia 29 de abril de 1980 morria o pai do suspense. Durante seus 81 anos de vida, Alfred Hitchcock dirigiu filmes e criou características que marcariam para sempre a história do cinema e, principalmente, do gênero de suspense. Basta lembrar de algumas das cenas clássicas de seus filmes: o assassinato no chuveiro, em Psicose, o ataque dos pássaros na festa de criança, em Os Pássaros, ou o momento em que Dina Day toca "Que Será Será" no piano, em O Homem que Sabia Demais.

Em seus filmes não é possível ver vampiros, fantasmas ou monstros com poderes. Na verdade, suas obras concentram o suspense no clima de tensão, na música com batidas fortes, no olhar dos protagonistas ou simplesmente nas características psicológicas dos personagens. A ansiedade do espectador aumenta aos poucos, na medida em que o ator se aproxima do perigo. Outra característica comum em suas tramas é quando são apresentadas informações ao telespectador que o personagem do filme não sabe, criando uma tensão ainda maior - como quando é possível ver a porta se abrir ou a sombra do assassino na cortina do banheiro, no caso de Psicose.

Alfred Hitchcock viveu dividido entre dois países. Nasceu em Londres, no dia 13 de agosto de 1899, onde deu seus primeiros passos no cinema, mas foi nos Estados Unidos que criou seus maiores clássicos. Uma das maiores marcas de Hitchcok eram suas aparições nos filmes. No entanto, é difícil identificar o diretor à primeira vista, até porque, muitas vezes ele aparece de costas, de longe ou passando rápido pela câmera. Veja abaixo um vídeo com a compilação de vários momentos em que isso acontece:

Foi em 1920, na Inglaterra, que Hitchcock se interessou pela indústria cinematográfica. Começou fazendo filmes mudos para a Paramount Pictures e logo estava desenhando sets e criando o design de títulos para alguns filmes. Sua primeira criação foi Number 13, em 1922, mas o projeto foi abandonado antes mesmo de ser finalizado, já que o estúdio fechou as portas. Depois, passou a ser assistente de direção e a atuar como roteirista e diretor de arte.

Finalmente, em 1925, Hitchcock iniciava a carreira de diretor, com a produção de The Pleasure Garden. Influenciado pelos assassinatos do personagem Jack, o Estripador, sua estreia no gênero de suspense se deu com o filme O Inquilino (1927). Nesta época, o diretor casou com Alma Reville e teve a única filha, Patricia, que chegou a atuar em alguns de seus filmes.

Filmes
O Homem que Sabia Demais (1934), um sucesso comercial e de crítica, estabeleceu um dos padrões preferidos de Hitchcock: a investigação da relação familiar dentro de uma história de suspense. Mas Os 39 degraus (1935) foi o filme que mais se destacou no período em que o cineasta morou na Inglaterra. Isto porque, ele usou pela primeira vez a técnica MacGuffin, criada por ele mesmo para nomear o momento em que inseria um objeto como pretexo para desenrolar a trama, mas que, na verdade, não tinha imporância no conteúdo.

Todas as contribuições de Hitchcock ao cinema chamaram a atenção, claro, da indústria de Hollywood. Em 1939, o cineasta mudou-se para os Estados Unidos, tornando-se cidadão norte-americano em 1955. Seu primeiro filme na terra do Tio Sam foi Rebecca (1940), que rendeu sua primeira indicação ao Oscar como diretor (Hitchcock nunca ganhou o prêmio de melhor diretor).

Festim Diabólico (1948), primeiro filme colorido do cineasta, foi outro marco em sua carreira. O longa foi feito no chamado plano-sequência (sem cortes). Além disso, a trama fazia referências a Nietzsche e ao homossexualismo - algo fora do comum para a época. Já a primeira cena do filme mostra os protagonistas escondendo um amigo dentro de um baú, dando a entender que tinham acabado de matá-lo. Durante 80 minutos, o filme mostra uma festa realizada na sala onde está o "caixão" fatídico, causando a grande tensão da trama. Assista abaixo esta cena:

Mas foi nas décadas de 50 e 60 que Hitchcock consagrou-se como o grande nome do cinema de suspense. Em 1954, saia do forno Disque M Para Matar, que contou pela primeira vez com Grace Kelly no papel principal, se tornando a atriz favorita do diretor. No mesmo ano, Hitchcock lançou Janela Indiscreta, com James Stewart e Kelly. O filme, um dos mais conhecidos, acontece o tempo todo nos arredores da janela do protagonista, que, por quebrar a perna, passa a observar a vizinhança com um binículo, descobrindo uma possível tentativa de assassinato. Assista abaixo à uma das cenas mais tensas do filme e, logo em seguida, ao momento clássico do beijo entre os protagonistas:

O sucesso do cineasta aumentava ainda mais em 1955, quando ganhou um programa de televisão apresentado por ele, chamado Alfred Hitchcock Presents..., que, a cada episódio, trazia uma nova história de suspense. O programa semanal foi ao ar até 1961, nos EUA.

Em 1956, Hitchcock refilmou O Homem que Sabia Demais, desta vez com James Stewart e Doris Day nos papéis principais. No filme, Doris aparece cantando a música "Que Será, Será" ("Whatever Will Be, Will Be"), para abafar o barulho que seu filho faz enquanto está trancado no quarto:

No entanto, os filmes mais populares do cineasta apareceriam mais tarde: Psicose (1960) e Os Pássaros (1963). O primeiro mostra uma das cenas mais famosas da história do suspense, em que a personagem de Janet Leigh é assassinada a facadas enquanto está tomando banho. A cena, que tem duração de cerca de 2 minutos, mostra, pela primeira vez, um olho aberto para indicar que a pessoa está morta. Assista abaixo:

Baseado em um conto de mesmo nome, da escritora britânica Daphne Du Maurier, Os Pássaros inovou na trilha sonora e em efeitos especiais. O filme trazia a história de uma cidade sitiada por pássaros que começam a atacar a popução. A protagonista Tippi Hedren, mãe da atriz Melanie Griffith, foi descoberta por Hitchcock nesta época. Assista abaixo à uma das cenas mais famosas, quando a multidão de pássaros ataca as crianças que estão em uma festa:

Intriga Familiar (1976) encerrava a colaboração do cineasta para o universo do cinema, já que, quatro anos depois, Hitchcock morreria de insuficiência renal. Mesmo assim, sua popularidade, influência e legado de mais de 60 filmes permanecem até hoje.

sexta-feira, 13 de julho de 2012

Dicas de Lançamentos - FOX: Vem coisa legal por aí

A Fox já está preparando seus lançamentos para 2012 e 2013. O estúdio acabou de liberar um cronograma com os filmes que vão chegar aos cinemas nos próximos dois anos. Entre as novidades, estão as sequências de Busca Implacável, Duro de Matar  e Percy Jackson.


Busca Implacável 2, 05 de Outubro, 2012.

Liam Neeson retorna ao papel de Bryan Mills,o agente aposentado da CIA, que salvou sua filha de traficantes de mulheres no primeiro filme. Na sequência, Mills enfrenta os pais de um dos sequestradores que ele deteve anteriormente, que juram vingança, e sequestram a ele a sua mulher numa viagem de família


Of Men and Mavericks,26 de outubro, 2012.

Baseado numa história real, OF MEN AND MAVERICKS segue a jornada de um jovem que sonha em surfar nas ondas mais perigosas da Califórina, além de mostrar sua relação com uma lenda do surf que vira seu mentor.


Parental Guindance, 21 de Novembro, 2012.

As lendas da comédia Billy Crystal e Bette Midler serão os pais de Marisa Tomei no que promete ser o grande sucesso do final de ano de 2012. Recrutados pela filha para tomarem conta dos netos, Artie e Diane enfrentam dificuldades para adaptar seus métodos de educação antiquados com os novos hábitos das crianças.


A Good Way To Die Hard, 14 de Fevereiro, 2013.

Mais uma continuação de Duro de Matar, A Good Way To Die Hard vai apresentar o filho de John McClane, Jack, que vai parar no meio de uma rebelião orquestrada por um chefão do crime russo. Jonh e Jack vão ter que trabalhar juntos para impeder que os planos do vilão se concretizem.


Percy Jackson: Mar de Monstros, 27 de Março, 2013.

Percy Jackson, filho de  Poseidon, continua sua jornada épica. Na nova aventura, ele se junta a seus amigos numa tentatviva desesperada de salvar o Acampamento Meio-Sangue.

terça-feira, 29 de maio de 2012

Vale a pena ver de novo

Hoje em vez de lançamentos lhes venho aqui um pouco saudosista e trago a dica de um filme de 1994 (é tetra!!!),  "Um Sonho de Liberdade", um filme muito gostoso de assistir, sabe aqueles filmes bons que passavam de madrugada no tempo que as emissoras se preocupavam com quem ficava acordado pra lhes dar audência???, pois é, esses é um desses filmes, pra quem nunca viu vai gostar da boa história do filme junto a ótimas atuações de Tim Robbins e Morgan Freeman.

Basicamente a história se passa em 1946 quando Andy Dufresne (Tim Robbins), um jovem e bem sucedido banqueiro, tem a sua vida radicalmente modificada ao ser condenado por um crime que nunca cometeu, o homicídio de sua esposa e do amante dela. Ele é mandado para uma prisão que é o pesadelo de qualquer detento, a Penitenciária Estadual de Shawshank, no Maine. Lá ele irá cumprir a pena perpétua. Andy logo será apresentado a Warden Norton (Bob Gunton), o corrupto e cruel agente penitenciário, que usa a Bíblia como arma de controle e ao Capitão Byron Hadley (Clancy Brown) que trata os internos como animais. Andy faz amizade com Ellis Boyd Redding (Morgan Freeman), um prisioneiro que cumpre pena há 20 anos e controla o mercado negro da instituição.

O desenrolar do filme é bom e não cansamos em frente a TV, sem contar aquele belo final legal que a gente sempre quer ver, recomendo muito pra quem nunca viu e pra quem já viu e tá sem ideia de filme vale rever.

terça-feira, 17 de abril de 2012

Almodóvar...Ele continua surpreendendo

Bom, quem não conhece (eu aconselho a conhecer) o grande diretor espanhol Pedro Almodóvar Caballero, me desculpe, mas está perdendo muito em termo de entreterimento inteligente e uma proposta genial no jeito de fazer cinema.

Desde seu último longa, "Abraços Desfeitos" de 2009, estava eu pensando o que faria Almodóvar e esperando para ser surpreendido como semrpe sou com seus filmes... E não me decepcionei...


O mais recente trabalho de Almodóvar faz jus a sua fama de grande diretor, em "A Pele que Habito" até o Antônio Banderas se destaca nas mãos de Almodóvar, e olha que pra tirar um tipo diferente do Antônio Banderas de "Zorro de meia tijela", é difícil, mas Almodóvar conseguiu, junto com a ótima atuação de Elena Anaya  o filme é muito bom de se ver, confesso que tem um início meio slow, mas quando tudo muda e nos damos conta da verdade dos fatos o filme fica interessante e bom de assistir.


O longa é realmente "longo", mas as 1 hora e 51 minutos na frente da tela não são jogadas fora, vale a pena ver e duvido que ao final você não saia do cinema pensando no desenrolar do filme, para os que não conhecem o trabalho desse ótimo diretor espanhol, "A Pele que Habito" é uma ótima oportunidade de conhecer, tenho certeza que vai lhe despertar o interesse em conhecer outros trabalhos desse diretor.

segunda-feira, 26 de março de 2012

Regravações...faça a comparação...

O cinema é cheio de novidades, coisas absurdamente suspreendentes, grandes mentes sempre criando...
Mas nem tanto, se pararmos um pouco para observar com olhos no passado, veremos que grande parte do que se "cria".. hoje não passa de adaptações de obras a muito já surradas.

Nem falo dos famosos Remakes, que na minha opinição são bem feitos (quer dizer..refeitos), antes era nencessário muita imaginação e criação, não se dispunha dos efeitos especiais que temos hoje, então era necessário ser de verdade, ser diretor de verdade, escritor de verdade, produtor de verdade..

Não sou saudosista, muito longe disso, mas gosto de ver as obras no original, só aí pode-se julgar a obra em sua plenitude, fazer comparações com os filmes no original é inevitável, mas as vezes injusta, pois devemos também conhecer quem está adptando a obra e qual sua verdadeira propostas e qual o objetivo quer alcançar.

Gosto de pesquisar sobre isso e hoje vejo com felicidade que metade do que é refeito no cinema é muito bom e metade tem que dar o crédito dos responsáveis pelos efeitos especiais, são grandes profissionais e tembém merecem nosso crédito.

Minha conclusão: Cinema, no passado ou no presente..é tudo de bom.